A Ronda das Vidas boas (The Round of good Lives) – São Paulo Biennial 2025 (installation + son)

(English Below)
-> More images and installation views here
A Ronda das Vidas Boas / The Round of Good Lives (2025)
Olivier Marboeuf

Giz sobre acrílico azul ultramar e preto fumê / Chalk on ultramarine blue and smoky black acrylic, in situ, 23 x 4 m

«A Ronda das vidas boas» é uma viagem pelas histórias e imaginários afro-confluentes entre o Brasil e as Caraíbas, deixando a Europa em periferias distantes. Este mapa desenhado imagina um território onde três «ilhas» negras (Brasil, Guadalupe e Haiti) se ligam e dialogam numa história comum, uma história humana e não humana, visível e invisível, uma história monstruosa onde novos povos e territórios surgem dos oceanos, baías e rios para pedir reparação. Tomando como ponto de partida as práticas carnavalescas e populares negras (Nego Fugido, Caretas de Mingau, Nèg Gwo Siwo, Lansèt Kód…), Olivier Marboeuf imagina outra forma de arquivo, cheia de astúcia e mascarada, um arquivo do corpo, sensual, fabuloso, delirante, cacofónico. Longe das narrativas exóticas e pacificadoras, este arquivo é o da dívida colonial, das suas heranças violentas, passadas e presentes. As datas e a contabilidade das mortes ressurgem no branco do açúcar que cobre o azul do índigo e as máscaras caretas da memória negra. Com «La Ronde des vies bonnes», Olivier Marboeuf vem escrever um novo capítulo do seu manifesto gráfico e sonoro num mundo que arde nas chamas da vaidade capitalista. Após uma residência de investigação na região da Bahia e em São Paulo, o artista propõe uma nova peça sonora que mistura relatos e canções recolhidos nas Caraíbas com vozes e fantasmas brasileiros. Da prisão de Carandiru ao apelo das Caretas de Mingau e às lutas das mulheres negras pela emancipação através do teatro, todas estas vozes rebeldes fazem tremer as paredes para exigir justiça, dignidade e soberania para vidas boas, sem dívidas.

Obra sonora / Sound work (Brasil / Brazil) (2025)
Português do Brasil, francês, inglês, crioulo guadalupense, crioulo haitiano, 3h00, 5.0

https://soundcloud.com/olivier-marboeuf-484692835/20250902_sao_polo_st

Vidéo de présentation de l’œuvre


English
« The Round of Good Lives » is a journey that traces the stories and imaginaries of Afro-confluent cultures between Brazil and the Caribbean, leaving Europe in the distant periphery. This map imagines a territory where three black ‘islands’ (Brazil, Guadeloupe and Haiti) connect and interact in a shared history, human and non-human, visible and invisible, a monstrous history where new peoples and territories emerge from the oceans, bays and rivers to demand reparation. Taking black carnival and popular practices (Nego Fugido, Caretas de Mingau, Nèg Gwo Siwo, Lansèt Kód…) as his starting point, Olivier Marboeuf imagines another form of archive, full of cunning and masquerade, an archive of the body, sensual, fabulous, delirious, cacophonous. Far from exotic and pacifying narratives, this archive is one of colonial debt, of its violent legacies, past and present. The dates and counting of/accounting for the dead resurface in the white of sugar covering the blue of indigo and the grimacing masks of Black memory. With The Round of Good Lives, Olivier Marboeuf writes a new chapter in his graphic and sound manifesto in a world burning with the flames of capitalist vanity. After a research residency in the Bahia region and São Paulo, the artist presents a new sound piece that combines stories and songs collected in the Caribbean with Brazilian voices and ghosts. From the Carandiru prison to the call of the Caretas de Mingau and the struggles of Black women for emancipation through theatre, all these rebellious voices shake the walls to demand justice, dignity and sovereignty for good lives, free of debt.


Credits

Songs, storytellings and readings
Brasil: Tiganá Santana, Capulanas Cia Arte Negra (Adriana Paixão, Débora Marçal, Flávia Rosa, Jéssica Nascimento Olaegbé), Hungria Freitas da Silva e Vanessa Orewá (Caretas de Mingau), Maurício Monteiro “Prisioneiro 84.901” (Carandiru)
Guadalupe: Catherine Dénécy (Ca.Dé), Florence Naprix, George Lodin, Olivier Marboeuf, Dory Sélèsprika
Martinica: Gwladys Gambie
Haiti: Cynthia Maignan, James Desiris, Rossi Jacques Casimir, Zakh Turin
Reino Unido: Shela Sheikh

Musicians (Guadalupe/Haiti)
Aldo Midleton, Tambour-KA e pequenas percussões
Guy Fromager, flauta transversal e saxofone tenor

Voice recordings and musics
Makali Douglas (Guadalupe) / associação Eco-Sonore-Guadeloupe
Montagem / Editing
Olivier Marboeuf & Victor Donati
Criação sonora e mixagem / Sound design and mix
Victor Donati
Textos e canções / Texts and songs
Tiganá Santana canta Ilê de Luz (Autor : Suka – Ilê Aiyê)
Capulanas Cia Arte de Negra diz o texto O céu é mesmo um buraco (Autoria: Solano Trindade)
Capulanas Cia Arte Negra cantiga :
Cantiga – Exú Marabô Toquinho – Domínio público da Umbanda Sagrada
Cantiga – Baiano é povo bom – Domínio público da Umbanda Sagrada
Cantiga – ⁠XANGÔ É PÁ BI ARA AAYE – Cantiga de Xangô Domínio público Candomblé Nação Ketu
Música – Oyá, mulher forte – Afoxé Oyá Alaxé
Cantiga de Erê⁠ Papai me manda um balão
Música – Kalunga – Salloma Sallomão
Cantiga – OYÁ ⁠MATAMBA TATA EME – Cantiga de Matamba Domínio público Candomblé Nação Angola – Acrescentada de improvisação da Capulanas Cia de Arte NegraDory Sélèsprika lê Tan (Dory Sélèsprika, éditions du net 2013)
Olivier Marboeuf lê a introdução da Carta do G.O.N.G (1963)
Ca.Dé lê Dette à parler (Olivier Marboeuf, 2024)
Shela Sheikh lê Blue Blue Island Blue (Olivier Marboeuf, 2025)
Florence Naprix, George Lodin, Cynthia Maignan e James Désiris interpretam canções tradicionais haitianas. Todos os outros textos e relatos são de seus autores
—-
Outras fontes sonoras e arquivos / other sources and archives
Edouard Bénito-Espinal (A l’écoute des oiseaux de Martinique et de Guadeloupe)
Trecho de um discurso de Maurice Bishop
Karen de Souza lê um trecho da entrevista de Walter Rodney por Bill Strickland, datada de 1974 (2016)
Trecho da peça teatral Monsieur Toussaint, de Edouard Glissant, encenada por Greg Germain (2003)

Encomendada pela / commissioned by: Fundação Bienal de São Paulo para a 36ª Bienal
Coprodução / Coproduction: Pivô Salvador
Com o apoio do programa / With the support of the programme
Mobilités Institut Français + Région Bretagne
Esta participação é apoiada pelo / This participation is supported by Institut Français (Incontournable)
Agradecimentos especiais / Special thanks to: Instituto de Estudos Brasileiros (São Paulo), Tigana Santaná, Estella Santana, Fernanda Brener, Shela Sheikh.


Laisser un commentaire

Ce site utilise Akismet pour réduire les indésirables. En savoir plus sur la façon dont les données de vos commentaires sont traitées.